Destino: Quando ser Herói não é uma escolha


Lançada em 2001, Smallville foi muito mais do que uma série sobre a juventude de Clark Kent. Ela se tornou um marco cultural para os jovens dos anos 2000 ao misturar drama adolescente, ficção científica e dilemas morais com uma pitada de superpoderes.

Mas, acima de tudo, Smallville destacou-se por trazer à tona uma pergunta profunda que ressoou fortemente com sua audiência: estamos presos ao nosso destino ou temos poder de escolha sobre quem nos tornamos?

O peso do “destino” em um mundo de superpoderes

Desde o primeiro episódio, fica claro que Clark Kent não é apenas um adolescente comum. Ele possui habilidades extraordinárias e carrega um segredo que o separa do resto do mundo. À medida que a série avança, ele descobre que veio de outro planeta com um propósito pré-determinado: ser um símbolo de esperança, um herói, alguém destinado a grandes feitos.

No entanto, Smallville não trata esse destino como algo glorioso desde o início. Pelo contrário — Clark questiona constantemente seu papel, suas obrigações e suas vontades. Ele quer amar, ter amigos, levar uma vida normal. A série mostra seu conflito interno entre quem ele é e quem esperam que ele seja. Esse embate entre o “dever” e o “desejo” é algo com que muitos jovens se identificaram profundamente.

O espelho de uma geração em construção

Durante a adolescência, muitos enfrentam perguntas como: O que eu quero fazer da minha vida? ou Sou obrigado a seguir o caminho que me foi imposto? Smallville abraça essas questões ao colocar Clark diante de escolhas difíceis, provando que, mesmo com superpoderes, ele também é vulnerável às dúvidas existenciais. A série dá voz a um sentimento universal: o medo de não corresponder às expectativas e o desejo de construir o próprio caminho.


Além disso, personagens como Lex Luthor também são exemplos dessa temática. Lex, inicialmente amigo de Clark, luta com sua herança familiar e a sombra de um destino sombrio. Ao contrário de Clark, Lex gradualmente se rende ao que acredita ser inevitável: tornar-se o vilão que todos esperam. Isso mostra o outro lado da moeda — como a crença em um destino fixo pode ser uma armadilha.

A resposta de Clark veio anos depois

Em 2019, a CW reuniu múltiplos universos da DC no crossover Crise nas Infinitas Terras. E para alegria dos fãs, o Clark de Smallville reapareceu — interpretado novamente por Tom Welling. E o que descobrimos? Que Clark abandonou seus poderes voluntariamente, trocando a capa por uma vida comum ao lado de Lois e suas filhas na fazenda Kent.

Quando Lex Luthor tenta atacá-lo com kryptonita, Clark reage com naturalidade: ela já não o afeta mais. Ele escolheu abrir mão de ser Superman para ser apenas… humano. E está feliz assim. Essa decisão é a concretização da filosofia da série: o destino pode até te chamar, mas a última palavra sempre será sua.


O legado de Smallville

Ao longo de suas 10 temporadas, Smallville ajudou uma geração a perceber que, apesar das pressões externas, somos moldados pelas escolhas que fazemos. Mesmo que o caminho pareça escrito, há sempre espaço para desvio, aprendizado e transformação.

Clark Kent só se torna o Superman quando aceita que seu destino não é uma sentença, mas uma jornada construída com esforço, sacrifício e, principalmente, livre-arbítrio. E mais tarde, ele prova que até isso pode ser deixado de lado, se o coração desejar.

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